domingo, 22 de agosto de 2010

O que é um menino?



 

Entre a inocência da
infância e a compostura da maturidade, há uma deliciosa criatura chamada
menino. Embora se apresentem em tamanhos, pesos e cores sortidas, todos
os meninos têm o mesmo credo: aproveitar cada segundo de cada minuto de
todas as horas de todos os dias e protestar ruidosamente (o barulho é
sua única arma) quando seu último minuto é decretado e os adultos os
empacotam e os metem na cama.Meninos são encontrados em todas as partes:
em cima de, embaixo de, dentro de, subindo em, balançando-se no,
correndo em volta de, pulando para. As mães os adoram, as meninas os
odeiam, irmãos e irmãs mais velhos os suportam, adultos os ignoram, o
céu os protege.Um menino é a verdade com rosto sujo, a beleza com um
corte no dedo, a sabedoria com um chiclete no cabelo… Quando você está
ocupado, um menino é uma conversa-fiada, intrometido e amolante. Quando
você deseja que ele cause boa impressão, seu cérebro vira geléia ou ele
se transforma em uma criatura empenhada em desmontar o mundo .Um menino é
híbrido: o apetite de um cavalo, a disposição de um Engole-espadas, a
energia de uma bomba atômica de bolso, a curiosidade de um gato, os
pulmões de um ditador, a imaginação de Júlio Verne, o entusiasmo de um
bombeiro e, quando se mete a fazer alguma coisa, é como se tivesse cinco
polegares em cada mão. Gosta de sorvetes, canivetes, serrotes, pedaços
de pau (em seu habitat natural), bichos grandes, papai, sábados,
domingos e feriados, mangueiras de água. Não é partidário de catecismo,
escolas, livros sem figuras, lições de música, colarinhos, barbeiros,
meninas, agasalhos, adultos e “hora de dormir”. Ninguém mais é capaz de
meter num único bolso um canivete enferrujado, uma maçã comida pela
metade, um metro e meio de barbante, um saco de matéria plástica, três
notas de dinheiro, um estilingue e um fragmento de “substância
ignorada”.Um menino é uma criatura mágica: você pode mantê-lo fora do
seu escritório, mas não pode expulsá-lo de seu coração. Queira ou não,
ele é seu raptor, seu carcereiro, seu dono, seu patrão – um sarapintado,
um nanico, um pacote de encrencas. Mas, quando à noite você chega em
casa, com suas esperanças e seus sonhos reduzidos a pedaços, ele possui a
magia de soldá-los num segundo pronunciando apenas:
Mamãe!…Papai!

 

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