segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Lindoo

Querida mamãe,

Esta
noite acordei estranhando o silêncio. Não havia barulho algum e pensei
que o mundo tinha até acabado e você esquecido de mim. Coloquei a boca
no trombone e você apareceu. Ainda bem. Fiquei tão feliz no calor do seu
peito que acabei pegando no sono antes de mamar tudo o que precisava.
Quando percebi que você ia me colocar no berço, chorei de novo. Mas não
tente negar, você estava com pressa para ir dormir outra vez.

Você
me deu de mamar novamente, assim, meio apressadinha e depois resolveu
trocar a minha fralda. Estava tudo calmo, um silêncio, nós dois
juntinhos, tão legal que eu perdi o sono. Você até que foi compreensiva,
mas começu a bocejar um pouco e resolveu me fazer dormir. Eu não queria
dormir. Talvez precisasse de mais dez minutos ou meia hora, mas você
estava mesmo decidida a dormir. Foi ficando bem nervosa e até chamou o
papai. Eu não queria o papai e todos fomos ficando muito irritados.

No
final das contas, acordei a casa inteira cinco vezes. Pela manhã, nossa
família estava com cara de quem saiu do baile. Acho que estraguei tudo.
Imagina, você que chegou a dizer para o papai que eu estou com problema
de sono. Eu não! Você é que vem me dar de mamar com pressa e daí eu
sinto que você não quer ficar mais comigo.

Os adultos têm hora
certa para tudo, mas eu ainda não entendi essas coisas de relógio e
tarefas estafantes que vocês precisam fazer. Quando meu corpo está com o
seu, quero ficar do seu lado sem me separar nunquinha. Do alto dos meus
3 meses, ainda não descobri direito que você é uma pessoa e eu sou
outra. Um dia eu vou sair por aí, vou telefonar e posso deixá-la doida
para saber o que anda fazendo e, então, você vai entender como me sinto
agora. Mas não precisamos dessa guerra, mamãe.

Até lá, já podemos
nos entender, inclusive através das palavras. Sinto a agústia da
separação, pois acabei de passar por essa experiência. Você também, mas
vive tudo isso como uma adulra consciente. Eu ainda estou vivendo no
inconsciente. Eu não sei andam tudo é tão novo pra mim aqui fora. Mas eu
tenho absoluta certeza de que vou aprender tudinho o que você me
ensinar através dos seus sentimentos em relação a mim.

Mamãe,
você quer um conselho de bebê? Quando eu chorar à noite, não salte logo
para o meu quarto desesperada, como se o mundo fosse acabar.

Espere
um pouco, respire profundamente, ouça o meu choro até que ele atinja o
seu coração. Sinta seu tempo, realmente acorde e venha me pegar. Me
abrace devagar, não acenda a luz, fale bem baixinho e me dê o seu peito
para eu mamar. Depois que eu arrotar, mais um pouco só de paciência,
pois, nós bebês, somos sensíveis aos sentimentos dos adultos. Se eu
sentir que você está com pressa, sou capaz de armar o maior barraco, mas
se você esperar até o meu segundo suspiro, quando meus olhos ficam bem
fechados, minhas mãos e pernas bem molenguinhas, aí sim você pode me
colocar no berço que eu não acordo antes de sentir fome outra vez. À
medida que você desenvolver sua paciência, mamãe, eu estarei
desenvolvendo minha tranqüilidade e nós não teremos mais noites
desagradáveis. Apenas noites de mamãe e bebê, que um dia passam, como
tudo na vida.

Sempre seu, gu-gu dá-dá!

(Texto distribuído no Curso de Gestantes da Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Curitiba, PR)
Disponibilizado pelo Grupo do facebook:  Mães do Rio de Janeiro

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